31 de outubro de 2011

Semana da Reforma #005

Lutero, o facebook e a meia ungida

O século XVI foi o século do Medo, como foram tantos outros da Idade Média: a Europa se viu invadida pelos turcos, pestes dizimavam populações inteiras, no entanto, um dos maiores medos que dominavam as mentes da época, foi sem dúvida, o medo religioso. E esse medo estava presente no cotidiano de todos. Um exemplo disso estava retratado literalmente na parede da Igreja do Castelo de Wittenberg: Jesus aparecia muito bem pintado, sentado num arco-íris, com espada na mão e de seus olhos saíam raios de fogo. As pessoas que ali passavam viam “esse” Jesus. Era de dar medo, de fazer as criancinhas terem pesadelos à noite e seus pais perderem o sono...

A culpa, e o seu consequente medo faziam morada nos corações. Lutero deve ter passado por muitas dessas culpas e medos. Imagino suas noites insones atormentado pelos seus pecados e sem ver saída dentro do mundo a qual estava confinado. Sua biografia relata as penitências a que se submetia.

A Igreja corrompida da época se utilizou muito bem disso. Ora, o medo é um dos pais da exploração e da opressão, e dessa forma o verso: “assim que a moeda cair no fundo do cofrinho, a alma sairá do purgatório direto para o Paraíso” , foi inúmeras vezes cantado, aliviando por um tempo a alma de muitos que pensavam ter liberto do purgatório seus entes queridos já mortos, com a tão famosa venda de indulgências.

Lutero usou o facebook da época: o mural de recados da Igreja do Castelo de Wittenberg e “postou” ali 95 questões contra a venda de passagens para o Céu, a venda de indulgências, e tantos outros descalabros cometidos pelo Clero, com os quais, à luz da Bíblia, não se conformava. Com as 95 teses Lutero pedia um debate teológico sobre o que elas significavam. Creio que Lutero não imaginava o impacto e a mudança que seu “post” iria trazer para a história da humanidade. As 95 Teses foram logo traduzidas para o alemão e amplamente copiadas e impressas. Ao cabo de duas semanas se haviam espalhado por toda a Alemanha e, em dois meses, por toda a Europa. Ou seja, milhares “curtiram” o que Lutero escreveu.

Lutero no seu tempo, confronta sua realidade com as verdades do Reino de Deus, como fizeram Amós, Ezequiel, Paulo e o próprio Jesus.

Cabe a nós, profetas de nosso tempo, confrontarmos a nossa realidade à luz da Palavra , como Lutero que queria resgatar a Igreja Apostólica. Vemos o crescimento do Islã enquanto Igrejas Cristãs na Europa fecham suas portas ou alugam seus templos para casas de espetáculos. Aqui no Brasil assistimos igrejas com “sotaques” evangélicos, que nada tem a ver com a essência da Igreja Apostólica, que envergonhariam o próprio João Tetzel.

Hoje temos as modernas “indulgências” na forma de meias, cajados, azeites, cajados com azeite... Muitos ainda querem se livrar de suas culpas e não atentam para o que em Romanos 1:17 chamou a atenção de Lutero há quase 500 anos. E é o que para nós precisa, deve e tem que ser importante : resgatar a essência do pensamento reformador: “O justo viverá pela fé”!

Autor

Geruza Rodrigues de Freitas Rocha

Estudante de Teologia - Igreja Batista do Flamboyant (Campos/RJ)

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