14 de fevereiro de 2012

Esperar pra quê? Eu quero agora!

Na minha infância era comum desejar tudo que via pela frente. E a forma como fazia era peculiar. Sempre que passeava por algum shopping, quando meu pai passava em frente a uma loja de brinquedos a reação era a mesma: “Pai, eu quero!”, e ele respondia: “Depois, filho” retrucando eu dizia: “Eu quero agora!”. Até hoje rimos juntos quando nos lembramos disso.

Não é novidade pra nós que uma criança não sabe esperar. Dando seus primeiros passos, uma criancinha não tem noção de que existe tempo certo pra tudo, e que pra se conseguir o que quer nem sempre a solução é chorar ou fazer “birra”.

Hoje mesmo estava pensando sobre o comportamento infantil e a realidade da igreja evangélica no Brasil. Chequei a conclusões interessantes e gostaria de compartilhar com vocês, leitores do blog.

O dicionário define a palavra espera como sendo: “Ter esperança em, estar à espera de; Aguardar; Estar na expectativa...”. Como uma criança pode entender isso? É impossível! Ela acredita que com a força de seu choro conseguirá o que deseja. Para uma criança é difícil entender que é necessário esperar o final do mês chegar para que o papai tenha dinheiro. Ainda mais quando se trata das crianças que estão vivendo sua infância nesta era onde tudo acontece rápido demais, onde a velocidade da informação está a um “clique”.

Muitos cristãos tem se comportado da mesma forma. Não conseguem esperar. Vivem uma vida cristã medíocre e infantil. Acham que Deus é um “gênio da lâmpada” e vai realizar todos os seus desejos! Alimentam uma visão infantilizada da fé. Criança não sabe esperar.

É necessário ser maduro para poder declarar como o salmista: “Esperei com paciência no SENHOR, e ele se inclinou para mim, e ouviu o meu clamor.” (Salmo 40.1). Uma criança não consegue viver isso. Esta visão infantilizada da fé, é o que tem levado alguns líderes a orar a Deus ditando ordens ao Todo Poderoso...como uma criança o faz com seu pai quando não consegue o que quer. Estes, na verdade, se comportam como crianças ‘birrentas’. Acreditam que irão conseguir o que querem no grito, no “eu determino em nome de Jesus”.

A vida adulta é difícil, exige trabalho, dedicação, responsabilidade. E é necessário que cresçamos! Caso contrário, seremos como ‘raquíticos’. Que horrível é imaginar alguém como o Benjamim Button (que em corpo de bebê era idoso).

Esta visão infantilizada da fé tem levado muitos a crer em falsas doutrinas aberrantes. O desejo de ter o que quer de forma imediata, tem levado o povo ao encontro dos mercadores da fé. Porque não usar o ‘lencinho’? o óleo? É só usar que tudo será resolvido imediatamente. É milagre! Será mesmo?!

Hoje se falamos em algum irmão que ora há anos por algo que ainda não alcançou, a conclusão que se chegará é que este não tem fé e com certeza tá cheio e pendências com Deus. E onde está a graça? Pergunto.

A inconsciência da criança é o prato preferido desses lobos. Pra que pensar? Melhor dizer que tudo que não entendemos “é mistério”. É bem melhor assim, dá menos trabalho e simplifica tudo. Mas, a Bíblia nos diz algo diferente...

“Quando eu era menino, falava como menino, pensava como menino e raciocinava como menino. Quando me tornei homem, deixei para trás as coisas de menino.” (I Coríntios 13.11)

É chegada a hora de deixarmos pra trás as ‘coisas de menino’.

Crescer é necessário! Pensar é necessário. Questionar também é necessário. Ter consciência também é!

Pensar a fé não é pecado! Como disse John Stott: “Crer é também pensar.”

Cresça e apareça!

Pr. Ciro Mendes Freitas

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